Escrevi este pequeno texto para um dia considerado dia do amor, hoje o proponho como elegia às mulheres que amam como os ventos...
Por que sou uma delas...
Feliz dia !
Fiquei pensando divagando, quanto aos amores que já senti, os que vivi, e os que vivo...
Amar em dois idiomas, duas, três culturas proporciona uma boa bagagem léxica, tátil, sinestésica, holística...Em fim, amar, sempre é uma porta que desejamos abrir, mas não temos a mínima ideia do que ela guarda detrás de si, e mesmo assim, às vezes tendo levado "portazos" insistimos em sentir os medos e ansiedades diante daquelas portas que aparecem em nossas vidas.
Creio que este dia, 14 de fevereiro, dia do amor em muitos outros lugares me fez pensar sobre meu histórico amoroso. E viajar em tempo e geografia.
Sempre fui ávida, pelo amor, pelo amor-paixão, o amor fugaz, o amor que estremece, que se esgueira dentro do ilegal, daquela ilegalidade do não ser o políticamente correto, ou aceitável por outros, posso dizer que fui transgressora muito tempo, muitas vezes no amor.
O que me custou algo, logicamente, pois tudo que fruimos com prazer, nesse tipo de relação, de abismos atraentes e perigosos, possui um preço, longas lágrimas, sustos espantosos, de corridas desembestadas, de encontros sorrateiros, de esperas escondidas...E parece que sempre tudo o que assim chegava, com vestes de perigo, de proibido, me enlaçava e absorvia completamente.
Experimentei o amor de longe, de distâncias imensas, eu cá, e a outra pessoa na minha terra, via cartas esperadas, logo respondidas, e sustos, claro, como o dia, em que eu já aqui, vivendo uma outra relação não bem vista nem aceita, esse amor de longe chegou repentinamente e me pegou assim, comprometida, com ambas pessoas, sem saber o que fazer, de ir ver e constatar que amava ambos seres. Mas aquilo que me fez escolher era, exatamente o grau de periculosidade entre uma e outra relação, de forma comparativa...Ganhou a que me fazia sentir mais solavancos e medos...A que era instintual, sexual e porosa...
Fui obsediada, e obcecada, perseguida e inspirada.
Passei alguns bons anos, pensando ainda naquela pessoa que me fazia sentir em montanha russa, e soube que ela, a pessoa, até bem pouco tempo ainda sentia o mesmo, a mesma sensação de perda necessária, que não passa, e que não demerita o amor atual, não, não, apenas é uma qualidade de sentimento de outra índole, de outra emotividade, que não se soterra, nem esquece, mas que deve ser uma perda necessária.
Então de furacões, vulcões, tormentas, decidí ter esgotado o repertório, e busquei, alguém diferente, um oásis, uma praia ensolarada, com sombra e água fresca. E daí, me entreguei a esse outro tipo de amor, sem tantos trovões, ou pelo menos com chuvas que podem ser administradas e me descobri maravilhada, com essa outra forma de sentir e ser sentida, com calma, sossego, amor, sexo, mas equilibrada, oposta a tudo aquilo que eu tinha entendido como amor, sentido e experimentado...
E que descobri ser amor e ótimo.
Mas...Vez por outra, como hoje, as montanhas russas passam aceleradas e gritam meu nome, e aí, aí, pode ser que um dia, como hoje, eu possa desejar passear desenfreadamente por elas...novamente.
Feliz dia do amor.
Gladiatrix