quinta-feira, 13 de março de 2008

Bruxas não existem

O pai chega pro filho de 8 anos:
- Filho, precisamos ter uma conversa sobre como nascem os bebês.
E o menino, desesperado:
- Não, pai!!! Por favor, não me conta! Eu não quero saber!!!
- Mas por quê, filho? Você não quer saber como nascem os bebês?
- Não!!! Com 6 anos eu descobri que o Coelhinho da Páscoa não existe. Com 7 eu descobri que o Papai Noel não existe. Se agora eu descobrir que os adultos não trepam, não vejo razão pra continuar vivendo!!!


Essa semana vi um episódio de Charmed (pra quem não conhece, é um seriado genial e engraçadíssimo sobre a luta de três irmãs bruxas contra o Mal) que me fez lembrar de um assunto sobre o qual já pensei muito. As irmãs foram chamadas pra ajudar numa briga perto de um lago. No fim da confusão, derrotados os inimigos, elas puderam ver o objeto que foram chamadas a defender: uma espada presa numa pedra.

Levaram a pedra pra casa e Paige e Piper começaram a discutir se aquela seria Excalibur, a espada do Rei Arthur (ah, pra quem não sabe, o seriado se passa nos dias atuais).

Paige: “Você nunca acreditou na história do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda?”
Piper: “Sim, acreditei. Até os 7 anos de idade! Depois eu cresci e passei a viver no mundo real!”
Paige: “Ah, sim! Depois você cresceu e passou a lutar com demônios e dragões!”


Guardadas as devidas proporções da fantasia do seriado, eu sinto que é isso que acontece nas nossas vidas. Quando somos pequenos, vivemos rodeados por histórias e desenhos animados de bruxas, fadas, duendes, sereias, animais que falam, fantasmas... Depois vamos crescendo e começa a ladainha do “não existe”. “Bruxas não existem”. “Fantasmas não existem”. Esses são geralmente os primeiros a serem detonados. Depois nos ensinam que animais são irracionais e não pensam, muito menos se comunicam com o ser humano. E aí um a um, fadas, duendes, personagens de lendas e mitologias, são detonados sem dó.

Curiosamente, na maior parte das vezes o Coelhinho da Páscoa e o Papai Noel são os útimos a serem detonados do imaginário infantil.

Curiosamente também se ensina às crianças que fadas madrinhas não existem, e que em vez disso deve-se rezar para o anjo da guarda.

Um belo dia, papai kardecista me ensina sobre espíritos. “Quê??? Fantasmas existem?”. Mais tarde, descubro que bruxas existem, SIM, e que estão espalhadas à nossa volta seguindo sua religião. Descubro ainda que os elementais existem, e que, pior, aquele monte de deuses que me disseram que os gregos eram tão ingênuos em acreditar, existem também.

Aí descambou, né? Generalizei. Adotei a seguinte postura: “tudo existe, até que me provem o contrário”.

No que depender de mim, as crianças que estiverem à minha volta vão saber pelo menos que: “Olha, tem gente que acredita, tem gente que não. O que dizem sobre isso é blá, blá, blá e blá. Eu acredito. E você?”. E provavelmente depois disso vamos ter uma conversa muito gostosa e engraçada sobre tudo o que vai dentro da cabecinha dela.

E já não acharei que estou ficando louca se um dia eu vir anões saindo da terra, pequenas mulheres com asas de borboleta ou rabo de peixe, ou ainda um menininho negro de gorro vermelho e uma perna só. E posso dizer que, assim, a vida fica muito mais gostosa.

(Agora, se eu vir pela janela um trenó puxado por renas dirigido por um motorista de roupa vermelha, confesso que vou pensar “Uau! Dessa vez a Coca-Cola se superou mesmo, hein?”)

1 comentários:

Luciana Onofre disse...

Sim, existimos, te cercamos, aqui estamos....